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quarta-feira, 26 de novembro de 2014

ESPELHO (poema)



Não, não. Não sou eu...
Quem é essa pessoa
Que enxergo através
Do meu espelho?
Parece-me familiar
Devo conhecer, mas...

Não, não. Não sou eu...
O tempo inclemente
Desgastou sua pele
Transformou seu rosto
Enrugou sua face
Enrijou sua feição

Não, não. Não sou eu...
É um alguém qualquer
Que apareceu por aí
Com intuito de zombaria
Brincadeira macabra
De envelhecer, de mudar

Não, não. Não sou eu...
Tenho certeza disso
Definitivamente, acredito
Não sou quem me olha
Covardemente, por detrás
Dessa superfície lisa
  
Caramba ! Agora me reconheço
Chega de fingimento, palhaço da existência
Basta de teatro de mim mesmo
Sim, sim. Sim, sou eu...
Um ator no palco da vida
Um poeta no adágio musical da morte

crédito da imagem: http://correntes.blogs.sapo.pt/2009/11/?page=3

quinta-feira, 20 de novembro de 2014

O retorno ao lugar onde fui feliz



Quando terminei o curso colegial, amava a “minha” escola pelos amigos que tinha, éramos quase irmãos, os professores interessantes que admirava e outros nem tanto, o ambiente era agradável e divertido. A vida transcorria deslizando na alegria como patins no gelo. Tempos inesquecíveis, sem grandes preocupações.

Após dois anos, depois de concluído o curso, precisei voltar à escola para conseguir alguns documentos necessários.

Ao entrar no prédio sofri o primeiro impacto, os muros estavam diferentes, sem as mesmas cores, os alunos me olhavam com certa apatia, a secretaria não estava no mesmo lugar, a piscina fora esvaziada e os professores eram outros. Percebi que não pertencia mais àquele ambiente. Era um caminhante estranho e desajeitado. O meu sentimento de pertença ruiu como um prédio implodido.

Comecei sentir falta de tudo e de todos. O choque foi tão negativo que fiquei uma semana triste e prometi que não voltaria mais por lá. Algo fora perdido...
Mais tarde, quando terminei a faculdade, consegui todos os documentos originais necessários e nunca mais voltei à instituição.

Agora, na idade adulta, esquecidas as promessas da juventude, naveguei pelo Google Maps e resolvi dar uma olhadinha na casa que fora de meus pais, onde passei minha infância, juventude e pequena parte da idade adulta. O abalo foi maior ainda, fui assolado por memórias boas e más que haviam deixado marcas indeléveis no meu ser. Hoje, reconheço que elas foram responsáveis pelo meu caráter e modo de agir e pensar.

A angústia tomou-me num solavanco, as lágrimas foram inevitáveis e mais alguns dias tristes e lamentando o tempo que se foi...

Aprendi na pele aquela afirmação do filósofo: “jamais volte ao lugar onde você foi feliz um dia”. Acrescento jamais volte onde você viveu um dia e acreditou que era peça integrante do lugar... Lembre-se você não pertence, você está – é assim a vida.

sábado, 15 de novembro de 2014

Tempo ( poema )



Resume uma vida
Parou para pensar ?
Pode ser contado
Sucessão de dias
Semanas, meses, anos
Todas as horas
Muitos momentos
Segundos vividos
Minutos desperdiçados
Época alegre
Período triste
Séculos acumulados
Milênios passados
É o tempo corrente correndo


Esperar confiando é dar um
Tudo rapidinho, acontece em dois
Não lute contra ele
Revela nascimentos
Determina a morte
Marca momentos


Pode discordar ou lembrar bem
Tente concluir seu ofício
É pura invenção
Produziram o relógio
Somente para escravizar


Que tempo é esse ?
Ganhou, perdeu ou passou ?
Algoz da criatura
Marca tudo com exatidão
Não existe...
Não se iluda...
Não há...
Não se vê...
Não se pode pegar...


É criação fantasiosa
Um embuste do homem



Crédito da imagem: http://aampulhetadotempoquepassa.blogspot.com.br/2011/12/sobre-o-tempo.html

sábado, 1 de novembro de 2014

Um Estranho no Ninho



Por falar em cereais, devo relatar aqui algo interessante. Resolvi preparar uma boa feijoada, nossa comida brasileiríssima e saborosa. Comprei um bom feijão preto, aqueles que vêm em saquinhos de um quilo.
Ao chegar em casa, coloquei o conteúdo do pacote sobre a mesa para escolher com cuidado. De repente, tive uma surpresa, no meio daquela negritude, havia um pingo de mel, grande e reluzente, era um grão amarelo de milho que sobressaia. Um verdadeiro estranho no ninho.
Qualquer “chef” nesse momento, colocaria esse intruso no lixo, mas eu pensei diferente, sabendo que uma vidinha existia ali, resolvi plantar essa semente.
Fiz tudo como manda o figurino, deixei-a dentro de um copo com água por 24 horas. Em seguida, preparei um pequeno vaso, coloquei pedrinhas no fundo para dar vazão à água, usei uma terra tratada e plantei o grão intrometido. Em três dias, já apontava um brotinho verde. Ao cabo de uma semana havia lançado três folhas.
Agora chegou o momento de replantá-lo no solo para que suas raízes se desenvolvam, suas folhas cresçam e o pé atinja a altura ideal.
Se eu serei presenteado com suas espigas ainda é cedo para saber, isso não importa. O essencial é que sou proprietário de um pé de milho. Considero-o ouro dos vegetais comestíveis, com ele pode-se preparar pratos doces, salgados, comê-lo in natura e utilizar o fubá para inúmeras receitas. È fonte energética, rico em fibras, constituído de carboidratos, proteínas, vitaminas do complexo B, açúcares, gorduras e sais minerais.
Esse fato me levou a uma reflexão, em qualquer pedacinho de chão, aqui no Brasil, se você plantar, colherá bons resultados.
Temos tantas terras agricultáveis que poderemos suprir o país e o mundo todo, exportando alimentos.E assim, seríamos um dia o celeiro do planeta.

Por que não ?

Em Portugal, o costume de cultivar, em casa, pequenas semeaduras é normal. Pode-se comprovar facilmente esse fato durante uma viagem de trem, através da janela, avistam-se os quintais com boa e diversificada horta. Penso que esta é uma das razões, pelas quais os portugueses estão conseguindo driblar a crise financeira que estão passando sem grandes sustos e miséria.